Adormeci doce, alentada e embalada pelo respirar de Lopus, sonhos doces como lagrimas de alegria, e ao acordar ainda aqui ao meu lado estava Lopus, não porque conseguisse o ver, mas porque podia o sentir mesmo de olhos fechados.
Seus pelos afagando-me o rosto, suas mãos delicadamente acariciando-me os cabelos num desembaraço embaraçoso que se concluía em uma linda trança, e que pelo cheiro tinha rosas de inverno adornando.
Meus olhos estavam quase que libertos, minha linha de sangue e luz os sustentavam agora e não restava quase medo que perdurasse a alegria e o sustento que amparavam a mim Logo que constatado que meu amor eu veria, abri os olhos com a maior cautela possível, eu podia ver os cabelos do meu amor, seus cabelos negros como a noite e compridos como a esperança em meu peito que balançavam com o vento que anunciava mais uma ultima nevasca, seus olhos concentrados totalmente focados e vermelhos eram cobertos por uma vinca esboçada em sua testa a qual havia suas sobrancelhas juntas com forte expressão, mas logo que seus olhos vermelhos focaram os meus, puxaram-me para dentro de seu mundo de lavas que varriam meu corpo inteiro e coravam minha face, não sentia-me confortável, porém não faziam mal algum a mim, apenas dava-me segurança.
Lopus sorriu, e pela primeira vez pude ver o sol de perto, suas mãos seguraram meu rosto e seu corpo me abraçou, abraçou como se moldasse as minhas formas preenchendo-as e dando ao frio de meu corpo todo seu calor, provocou calafrios que corriam por entre meus ossos, encostou seu rosto em minha clavícula, beijou-me ali e encostando seus labios em meu ouvido disse:
_O inverno antecipou o seu fim, meu amor.
_Sinto também sobre minha uma brisa morna, mas ainda fria que anuncia a ultima nevasca, estarás aqui a proteger-me? Respondi, sem me mover.
_Estarei a proteger-te nesta nevasca, mas sinto meu amor, devo partir, acredites te amo e meu tempo contigo ainda não findou, porém sou lobo devo ir, ir a caça, ir a outras neves cumprir minha missão, devo encontrar-me para poder trazer a ti o que tanto precisas.-Disse Lopus ainda em meu ouvido.
_Não me deixe,está em ti tudo que preciso, nada mais faria sensação igual ser gerada em meu peito, nada melhoraria nosso amor, não vás, tente ficar.. E nenhuma palavra mais conseguia espremer-se e sair de minha boca, meus olhos se apertaram o medo os prendiam de novo, em prantos expirei a dor que prensava-me o peito.
Ainda calmo, com voz de sabedoria, sem se mover Lopus abraçou-me mais intensamente e disse:
_Minha amada, minha Lua, não sofras que assim chora também meu coração, pensei pronto estar porém devo minha jornada continuar só que diferente vou, agora tenho um amor, você completa a mim e me inspira a viver, obrigado por dar a mim a dádiva de chamar-te de amor.
_Amo a ti, incondicionalmente meu amor por ti excede a paixão, atravessa tudo e atinge a minha alma, minha linha, a luz e o sangue, se tens que ir não devo pedir que negues sua natureza de lobo, porém tenho algo a pedir-te e deves prometer-me que cumprirás. Pude sentir o sorriso que os labios de Lopus formaram pelo som em meu ouvido, enquanto ele se acalmava com minha compreensão.
_Diga meu amor, tão certo quanto sou lobo e cumprirei minha sina, cumprirei também o que pedes meu coração.
Tomei fôlego, seguiu-se em suspiro:
_Nunca me deixes, por mais que as noites demorem a chegar, por mais que tua sina afaste os seus caminhos de mim, nunca te esqueças de nosso amor, tenho medo de sentir-me banhada em tristeza, medo de que a solidão prenda meus braços e que a esmo fique meu coração, porém se prometeres tão certo quanto és lobo prometerei também eu, tão certo quanto te amo.
_Estarei sempre ao seu lado, se quiseres ou não, pois te amo, uma constelação não seria capaz de demonstrar a imensidão de meu amor por ti, acredite, e para provar-te eu prometo.- Lopus instantaneamente tirou meu corpo do solo, pôs-me em seu colo e continuou: _Pois então, sempre quando sentir-se mal lembra-te deste abraço e saiba que nunca vou te soltar, assim ficará tudo bem.
Nosso silencio perdurou muito, queria que as horas passassem lentas, ao contrário de meu coração desesperado, mesmo nos braços de Lopus, desesperava era o saber que logo ele não estaria mais comigo, e nem aquecendo-me na proteção de seus braços, quentes braços.
A ultima nevasca aproximava-se e com ela traria não só neve, mas agudas ondas de dores.
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