segunda-feira, 30 de novembro de 2009

dedicado.

Não vou mais reconquistar
ou tentar perdoar suas marcas de machado que dilaceram a minha alma
Sua lamina constituída de mentiras e ilusões
O que eu poderia esperar de alguém que auto-flagéla seu corpo?
Alguém que tira seus curativos pra ter a dor de diariamenta se ferir?
Ingenuidade e esperança, desta vez tive que mata-las
Pra poder conviver com seus braços frios revestidos pela falsidade
de sorrir, de escrever e de pensar mas nunca agir.

para: Julia Capassi

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Capítulo V- Chuva, Verbo e sonhos

Nasce subitamente uma tempestade, as arvores mexem-se como carruagem de nuvens cheias, minha desproteção assusta, é aí que a falta de visão se prende e aperta, minha linha consegue controlar esse aperto antes que me estrangule.



Assim que as gotas lacrimejantes de chuva tocam-me sinto um frescor delicado, lava meu corpo cansado, lava os meus pés, limpando as feridas agora superadas e quase saradas, tira o vermelho de minha vestimenta dando uma divina cor de chuva.


Sonho com as cores refletidas, sonho com as gotas como prismas cristalinos sob a luz solar fraca, o arco-íris cintilante adornando-me a pele, luzindo com a mais bela natureza todo milímetro a que revela.


Como choro, caí à chuva, choro que se impossibilita para mim, choro que se prendeu tanto em minha vontade, passando ao redor e derredor à vontade de ser os meus olhos.


O alívio se perpetua como chave que abre as comportas de tudo que pesava em mim.


Até então só a solidão -parte- lateja em mim contrastando em mediano com esse novo bem estar.


Uma canção transforma-me, fazendo dançar o solo, as nuvens, as folhas, o inverno.


Ela canta uma letra que considero intima, saindo de minha linha até a garganta, a canção transforma a chuva em neve, que agora me faz sorrir, é o verbo manifesto.

Capítulo IV- Clamor e Espera



Ser previsível está totalmente longe de participar de minha oscilante vida, meu alguém considerado ainda que não conhecido deixa-me a cada instante perceber sua presença.



Por minha vez deveria temer e deixar o pavor sucumbir-me o espírito mas minha linha trás a paz que necessito, e essa presença não me apavora.


Não tê-la de vez, logo, sem precisar da duvida me causa desconforto gerando dentro de mim um clamor inexprimível o qual espero verdadeiramente obter resposta.


Um conforto, que possa tirar de mim os pesares e ajude com que eu continue, que desate minhas mãos, que liberte meus olhos, a necessidade da presença é cada vez que percebida mais intensa em mim.


Restando-me somente o esperar.


Mesmo que o clamor chame, sinto-me com a boca tapada pela demora.


Porém tempo, tenho em abundância.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Capítulo III- Considerando um alguém

Não é mais valido apertar os braços e firmar as pernas, desamparada estou, gélida da cabeça aos pés encontro-me, todo pavor e desespero se esvaí de minha consciência já, depois de muito, encontrada.


Uma calma traiçoeira infiltrou-se sem mais, parecendo até congelar minhas veias e por conseguinte, meu sangue, endurecendo até os ossos.

Pelo contrário que toda minha vontade desejaria estou mais viva do que o esperado, já me perdi em emoções minhas e apaguei com o cansaço todo meu raciocínio.

Mas a força da linha de luz e sangue não me abandonou de alguma forma, me dando forças pra não desanimar de manter a consciência.

Solidão, companheira fiel, arrancaram dela uma linha e costuraram meus olhos, descobri isso quando percebi que ela já fazia parte de mim, não em qualquer parte, mas muito, muito perto da mente.

O inverno chegou e custa a passar, o vento dele varre de mim a esperança, varre de mim expressões, varre de mim equilíbrio, mas me mantém a tortuosa e traiçoeira calma.

Em meio a tudo isso, sinto minha primavera viva por dentro, pulsando de dentro das linhas que me sustentam, me florescendo internamente e criando raízes fortes que chegam a doer fisicamente em mim.

O que se pode considerar como um alguém?

O que te impede de estar só.

Bem, então em meio a tudo isto considero cinco companhias leais, e uma que não é fixa, é uma variável que pode ser muitas mas faz parte de todas.

Minha linha, meu sustento.

Corvos, o escarnecer.

A solidão, parte agregada.

Primavera, o meu verdadeiro eu que primeiro busca se fortalecer por dentro.

O inverno, que mesmo com essa demora certamente se irá levando com si o frio, o vento e todas suas companhias e seus braços.

E uma surpresa, algo o qual nunca fora contado nem esperado, mas muito dentro de mim sempre desejado.

É certamente o alguém considerado.

Capítulo II- Rio Semprincípios


Toda dor e medo que não poder estar no controle faz parte de um fator ‘causa-conseqüência’ plantado e colhido por atos.


Envergonho-me por inteira dos maus dias meus, onde a vida decorrente levava-me solta pela correnteza e o mais proveitoso era relaxar meu corpo e mente, me soltar e deixar ir por onde as águas quisessem no rio ‘Semprincípios’ -onde os bons dias só acontecem superficialmente então de fato, não acontecem- de olhos fechados opcionalmente, boiando pelo caminho perene, fui vitima inocente e fui culpada, entorpeci meu sentir e meu raciocinar.

Fui roubada, presa e atada de corpo todo, um pouco por esquecer de meu eu, esquecer de lutar e quão valoroso é valer a pena tudo que busquei.

O desespero tomou minhas veias, meu coração, minha pele, sinto-o exalando por minha cutânea, num processo totalmente inflamável e perigoso, apego-me a ele, que agora é o que de mais próximo e intenso posso encontrar.

Faladores e fazedores vivem nesse mundo, o qual não por espontaneidade no começo me excluí, mas que agora decido me apartar e ser o Pensar, pensar livra-te dos atos inescrupulosos e inconseqüentes, já pode muitas vezes tirar-te o viver.

Perder algo de muita valia conscientemente é um erro cuja culpa não sou capaz de deixar ilícita e esquecer, perder os princípios, perder a vida...

O fato é que meu fim é incerto, com todas as nuances que isto compõe.

Essa sinfonia de harmonia imprevisível e desconhecida, preciso lutar pela consciência o que não se é tão difícil quanto o árduo cansaço de encontrá-la.

Capítulo I- Adoração Atemporal



Procuro onde haja algum feixe de luz nesta floresta sombria, onde o frio perturbante quer envolver e sugar de mim o espírito e a vida, foram colocadas escamas em meus olhos, mas mesmo que tentativas árduas de pecados quisessem afundar-me no vazio um fio de luz não pôde ser apagado, frio este que liga minha mente ao âmago e ali se trança e funde a outro fio, um fio de sangue escarlate, esse unindo âmago ao verbo.



Enquanto corvos rodeiam esperando que a morte transforme toda minha existência em carniça, bica minha pele, flagelando todo corpo, minhas vestimentas são um misto de sangue seco revestido de sangue novo, ainda pulsante. A dor física não me altera os sentidos comparada aos gemidos estridentes que aos prantos, arfando e explodindo meu peito e tendões saem rasgando meu espírito.


Se ao me mover não houvesse espinhos e meus olhos estivessem descosturados eu correria, se a lama e as rochas que me fincam a este solo deixassem, eu voaria; Tenho somente a minha voz, coração contrito e um sobrevivente fôlego; Armas que preciso usufruir com força e concentração mas constato que minh'alma está por demais aflita e não consegue reunir gritos separados formando um só clamor.


Tudo ao redor escarnece e zomba a me ver assim, cospem por cima de minhas lágrimas e praguejam ver ambiciosamente o desfalecer de meu ser.


Quando essa junção de fios de luz e sangue parece ceder, e as aflições tocam com a sombra mais do que a pele, surge uma canção que será cantada detalhando cada marcação de tempo, e alternância de compasso, envoltos em um drama necessário, já que inspirar outros sentidos a serem olhos é vital quando não se tem outra saída.

Prefácio

‘Eu não posso ver, mas sinto’



E se nem o ver e o sentir mais existir?


Quando depois de tanto procurar você encontra seu maior inimigo e descobre que ele pode estar em você.

Corvos, canções, dor, medo, alegria, sonho, fios, primavera, sensações, consciência, sangue, princípios, vida, prisão.


...Surge uma canção que será cantada detalhando cada marcação de tempo, e alternância de compasso, envoltos em um drama necessário, já que inspirar outros sentidos a serem olhos é vital quando não se tem outra saída.