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segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Capítulo I- Adoração Atemporal
Procuro onde haja algum feixe de luz nesta floresta sombria, onde o frio perturbante quer envolver e sugar de mim o espírito e a vida, foram colocadas escamas em meus olhos, mas mesmo que tentativas árduas de pecados quisessem afundar-me no vazio um fio de luz não pôde ser apagado, frio este que liga minha mente ao âmago e ali se trança e funde a outro fio, um fio de sangue escarlate, esse unindo âmago ao verbo.
Enquanto corvos rodeiam esperando que a morte transforme toda minha existência em carniça, bica minha pele, flagelando todo corpo, minhas vestimentas são um misto de sangue seco revestido de sangue novo, ainda pulsante. A dor física não me altera os sentidos comparada aos gemidos estridentes que aos prantos, arfando e explodindo meu peito e tendões saem rasgando meu espírito.
Se ao me mover não houvesse espinhos e meus olhos estivessem descosturados eu correria, se a lama e as rochas que me fincam a este solo deixassem, eu voaria; Tenho somente a minha voz, coração contrito e um sobrevivente fôlego; Armas que preciso usufruir com força e concentração mas constato que minh'alma está por demais aflita e não consegue reunir gritos separados formando um só clamor.
Tudo ao redor escarnece e zomba a me ver assim, cospem por cima de minhas lágrimas e praguejam ver ambiciosamente o desfalecer de meu ser.
Quando essa junção de fios de luz e sangue parece ceder, e as aflições tocam com a sombra mais do que a pele, surge uma canção que será cantada detalhando cada marcação de tempo, e alternância de compasso, envoltos em um drama necessário, já que inspirar outros sentidos a serem olhos é vital quando não se tem outra saída.
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