segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Capítulo V- Chuva, Verbo e sonhos

Nasce subitamente uma tempestade, as arvores mexem-se como carruagem de nuvens cheias, minha desproteção assusta, é aí que a falta de visão se prende e aperta, minha linha consegue controlar esse aperto antes que me estrangule.



Assim que as gotas lacrimejantes de chuva tocam-me sinto um frescor delicado, lava meu corpo cansado, lava os meus pés, limpando as feridas agora superadas e quase saradas, tira o vermelho de minha vestimenta dando uma divina cor de chuva.


Sonho com as cores refletidas, sonho com as gotas como prismas cristalinos sob a luz solar fraca, o arco-íris cintilante adornando-me a pele, luzindo com a mais bela natureza todo milímetro a que revela.


Como choro, caí à chuva, choro que se impossibilita para mim, choro que se prendeu tanto em minha vontade, passando ao redor e derredor à vontade de ser os meus olhos.


O alívio se perpetua como chave que abre as comportas de tudo que pesava em mim.


Até então só a solidão -parte- lateja em mim contrastando em mediano com esse novo bem estar.


Uma canção transforma-me, fazendo dançar o solo, as nuvens, as folhas, o inverno.


Ela canta uma letra que considero intima, saindo de minha linha até a garganta, a canção transforma a chuva em neve, que agora me faz sorrir, é o verbo manifesto.

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